A casa “Lago no céu” é um projeto de residência unifamiliar localizado a menos de 30 minutos de Medellín, Colômbia. Esta casa projetada em dois níveis desfruta de uma vista privilegiada sobre a represa da Fé e sua localização dentro do terreno foi desenhada para manter o contato permanente com a natureza.
Ao chegar ao local, a casa não surge de imediato – só se vê se olhar para baixo – em parte porque a paisagem chama mais atenção do que a construção e porque esta é abraçada pela montanha, aparecendo de forma discreta.
Em primeira instância, reconhece-se uma volumetria ortogonal. Possui uma proporção moderada e uma fachada sóbria. Quase todo o volume é envolvido por painéis de concreto pré-moldado, semelhantes a um quadro negro. Sua densidade é equilibrada por suas grandes janelas e pelo jogo de formas, recortando cubos e sobrepondo os volumes que dão leveza ao conjunto.
A entrada principal para a casa localiza-se no piso superior, onde uma porta em teca pivotante se abre sobre um pequeno vestíbulo, seguido do salão onde há uma cozinha aberta, uma sala de estar, uma sala de jantar e um lavabo. Neste nível está também um quarto com banheiro. Todo o espaço desfruta da paisagem, sempre protagonista, que entra no interior graças às grandes janelas que dão forma ao terraço superior.
Chega-se ao nível inferior por meio de um corredor que por suas características de iluminação, ritmos e proporção estimulam um passeio guiado pela luz que entra através das grandes aberturas, criando um ritmo de verticalidades, que acompanha o morador, enquadrando a paisagem por meio de uma janela de proporções iguais às anteriores, porém maior em tamanho, marcando parte da obra: a vegetação externa.
Cada uma das aberturas, que do exterior fazem parte da composição, funciona internamente como um “mobiliário estático”: batentes e vergas de portas de mesma profundidade, dispostos a uma altura conveniente para assentos, incentivando o convívio, as conversas enquanto se desfruta de um dos livros da pequena biblioteca encrustada nos quadros.
No nível inferior se localiza o quarto principal, quase escondido. Este ambiente, generosamente dotado de janelas de correr incorporadas às paredes grossas, se abre para o terraço privado que é perfurado para dar lugar às árvores nativas, “habitante” original do lote. Uma parede texturizada com pedra laminar tipo San Andres separa o quarto do banheiro, com uma janela que ocupa todo pé-direito, proporcionando uma área de banho com luz natural.
A casa em seu interior é um ambiente tranquilo, com materiais comuns como madeira, pedra e concreto aparente. Decorada com algumas peças clássicas como as cadeiras Barcelona, Eames Longue e a chaise LC4, homenageia os arquitetos representantes da arquitetura moderna, como Mies van der Rohe e Le Corbusier.
A imagem externa da casa tem importância no projeto, mas não era o todo, foi mais resultado das operações internas, dos espaços desenhados para as atividades, bem como os materiais e revestimentos, definindo a volumetria geral da casa.